Anos de 1992

Líder indígena é acusado de estuprar estudante 

Em 1992, SílviaLetícia Ferreira, na época com 18 anos.  acusou Paiakan de tê-la estuprado com a ajuda de Irekran. O crime teria acontecido no carro do líder indígena após um churrasco, em Redenção (1.085 km de Belém).

O crime repercutiu mundialmente já que, na época, acontecia a ECO-92, Conferência Mundial sobre Meio Ambiente, no Rio.

Em novembro de 94, Paiakan e Irekran foram absolvidos.

O Ministério Público recorreu no mês seguinte, mas o recurso  foi julgado antes .

No depoimento que deu à polícia na época, Paiakan nega que tenha estuprado a estudante e aponta sua mulher como autora dos ferimentos na vagina encontrados no exame de corpo delito.

Irekran teria incentivado Paiakan a manter relações com Sílvia. 

Folha de São Paulo,23/12/1998.


Garota que acusou índio está na cadeia

SÉRGIO DÁVILA


 A dona-de-casa Sílvia Letícia de Luz Ferreira, 21, está presa, acusada de tentar facilitar a fuga do marido, Roberto Afonso Cruz, que cumpre 19 anos por homicídio e roubo de carros. "Isso é uma calúnia culposa", brada ela de dentro de uma cela imunda, 1 m por 2 m, uma rede no lugar da cama.


Fundo falso

Segundo o delegado Aldo Gomes de Castro, ela foi presa em flagrante ao tentar entregar ao marido uma garrafa térmica com fundo falso. Ali, os policiais teriam achado uma broca, seis serras, um eletrodo e dois ferros pontiagudos. Se condenada, Sílvia pode pegar até dois anos de prisão.

"É mentira", diz ela. "A garrafa que eu trouxe era outra, não tinha nada disso". Roberto Afonso Cruz fazia parte do bando mais temido de ladrões de carro do Pará e casou-se com Sílvia em 1993. Têm uma filha de 1 ano, que ela ainda amamenta.

Diz Sílvia Letícia: "Meu marido é honesto. Nossa prisão tem tudo a ver com o Paiakan. Como vou pedir audiência no Supremo Tribunal Federal de Belém no final de agosto e pedir para reabrir aquele caso e como o Paiakan me estuprou, ele fica fazendo armação para mim".

Diz Paiakan: "Não sabia que ela estava presa. Ela pode fazer como quiser. De minha parte, não quero prejudicar ninguém, não vou continuar competindo com ninguém".

Diz o delegado Castro, 21 anos na polícia, seis anos na região, seis meses em Redenção, quatro armas no coldre (entre elas uma Magnum 44): "Aí não tem nenhum santo". 

Folha de São Paulo, 06/08/1995.